sábado, 11 de maio de 2013

Grandes Esperanças



O que eu gosto das obras "maduras" dos escritores é que, apesar de não conter mais tanto da impetuosidade e do frescor das obras iniciais; podemos perceber o artista na sua totalidade. E isso não se aplica só aos escritores - não - se aplica aos artistas no geral. Grandes Esperanças foi escrito no final da carreira de Charles Dickens, muito conhecido no Brasil por causa de "Um Conto de Natal". Aquele do velho ranzinza e mão de vaca, Ebenezer Scrooge, que na noite de Natal é visitado pelos fantasmas do Natal passado.

Charles Dickens foi o romancista mais famoso da era vitoriana, e até hoje é considerado um dos mais importantes escritores da língua inglesa. Nesse livro, Grandes Esperanças, ele narra a estória de Pip, um menino pobre e órfão que é criado, ou melhor, maltratado por sua irmã bem mais velha que ele. Esta é casada com o ferreiro Joe Gargery - um homem com ares bem infantis. Um dia enquanto visitava o túmulo dos pais, Pip se depara com um prisioneiro fugitivo e é coagido por este a ajudá-lo. Apesar de muitas resenhas por aí dizerem que Pip fez um ato de caridade, eu vejo essa parte do livro como simples coação de um menino impressionável, não como um ato de caridade; quem leu o livro talvez tenha tido outra impressão. Independente disto, tal ato vai marcar profundamente a vida dos dois.

Tempos depois, Pip é levado para ser acompanhante da senhorita Havisham, uma mulher excêntrica e amargurada, e de sua filha adotiva, Estela. Ela se converte desde então no seu interesse amoroso, apesar de ela sempre o esnobar e tratá-lo mal. A Senhorita Havisham vive confinada na sua casa em ruínas, podre e caquética, vestindo a mesma roupa do seu casamento não concretizado. Tudo ficou da mesma forma desde aquele dia, como se naquele momento a sua vida tivesse acabado. A senhorita Havisham criou Estela para ser a vingança dela a todos os homens.

Pip sabia que devido às diferenças sociais, nunca teria a menor chance de ficar com Estela. Mas um dia suas esperanças são renovadas, quando já adolescente ele recebe uma espécie de benfeitor anônimo. Ele é enviado a Londres para ser educado e se tornar um cavalheiro, ficando em posse de uma boa soma de dinheiro, devidamente administrada por Jaggers, um famoso e renomado advogado, até sua maioridade. A identidade do seu benfeitor é desconhecida e assim ficará até quase o final do livro.

A vida de Pip muda da água para o vinho. Um rapaz pobre, sem grandes expectativas na vida, além de se tornar ferreiro como Joe; de um dia para o outro se vê detentor de grandes esperanças, vivendo uma vida burguesa em Londres. Lá, graças a proximidade com Jaggers e, principalmente de seu assistente Wemmick; Pip tem contato com o sistema penal e percebe como as pessoas pobres e sem oportunidades são levadas a roubar para sobreviverem e, após uma vida reincidente no crime são finalmente condenadas à morte ou ao degredo perpétuo nas colônias penais na Austrália.

Uma informação interessante. Eu decidi pesquisar sobre o assunto e li que a Austrália foi a partir do final do século XVIII, uma grande colônia penal inglesa e o seu processo de colonização foi feito primordialmente por criminosos ingleses. Hoje a Austrália é um país de Primeiro Mundo. Irônico pensar que eu sempre ouvi as pessoas falando, que o Brasil é assim hoje, por ter sido colonizado inicialmente por degredados de Portugal.

Eu não vou entregar o final do livro, nem vou dizer quem é o benfeitor de Pip. Muito menos direi se ele termina com Estela. Quem quiser saber vai ter que ler o livro.




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